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sábado, 16 de outubro de 2010

Dica para fazer sangria no freio

O que é sangrar um freio? Sangrar é eliminar o ar que fica preso no circuito, nos encanamentos e nas bombas de pressão (burrinhos) das rodas. Havendo ar, o sistema não funciona adequadamente. Para entender como isso funciona, pegue uma seringa de injeção, puxe o êmbolo para trás, tape o furo de saída (sem agulha, claro) e empurre o êmbolo novamente. O ar é elástico e o êmbolo vai e vem como uma esponja. Coloque água e empurre o êmbolo. Os líquidos não tem a mesma elasticidade do ar, pois oferecem maior resistência à compressão. O sistema de freios deve estar completamente cheio de óleo sem ar algum. Mas como o ar entra no sistema? De duas maneiras:
  1. Vazamentos no sistema - quando o freio é acionado, o óleo sai. Quando o pedal é solto, o ar entra pelo vazamento. 
  2. Quando usamos o freio em situações extremas. P.ex.: numa descida forte acionamos o freio com frequência, chegando a manter o pedal pressionado por algum tempo. Isso aquece o conjunto inteiro devido ao atrito das lonas e pastilhas com a roda e o óleo pode ferver, formando bolhas. Essas bolhas não saem do circuito e podem tornar o freio esponjoso, como a seringa pressionada com ar. Então, é hora de sangrar, ou seja, retirar o ar do sistema.
Geralmente precisamos de duas pessoas para sangrar um sistema de freios com ar no circuito. Um bombeia o pedal e o outro abre e fecha o parafuso de óleo nas rodas. Se você estiver sozinho, terá problemas. Então, bolei uma forma de facilitar o serviço para uma só pessoa. Você vai precisar:
  • Um recipiente plástico limpo, com tampa (pode ser de maionese, mostarda, etc. melhor transparente).  A tampa deve ser bem firme, sem vazamento de ar;
  • Uma mangueira transparente de 30 a 40cm, que sirva no parafuso de sangria da roda de seu veículo (esse parafuso fica do lado de dentro da roda e costuma ser protegido com um plug de borracha para não pegar sujeira);
  • Uma faca ou broca larga para furar a tampa do recipiente;
  • Chave de boca (em U), estrela (sextavada) ou alicate (só em último caso).
Frasco de adoçante artificial
Modo de fazer:

Pegue a mangueira plástica e meça o diametro externo (largura). Faça um furo na tampa da mesma largura da mangueira. Se ficar com alguma folga que dê passagem de ar pode dar mais trabalho para sangrar o freio.
Encaixe a mangueira na tampa e veja se não há vazamento de ar.  Se houver, limpe bem a tampa e grude um chiclete bem mastigado que costuma resolver...:)
Coloque um pouco de óleo de freio no recipiente e encaixe a tampa nele. Veja que a mangueira mergulhe um pouco no óleo, como na figura acima. 
Os carros têm o sistema de freios no lado esquerdo, o lado do motorista. Assim, para começar a tirar o ar do sistema, vá para a roda traseira direita, a mais distante do sistema central (que é onde o pedal do freio está ligado). Encaixe a mangueira no bico de sangrar que fica do lado de dentro da roda, como na foto abaixo.
Mangueira conectada ao parafuso sangrador na roda dianteira de um Fusca.
Solte o parafuso. Meia volta é suficiente. Não é necessário tirar a roda com o pneu, mas pode facilitar o serviço com ela fora do lugar. Conforme o modelo do carro, a chave será de tamanho 7 ou 8. Caso você não tenha uma chave de boca (em forma de U), desencaixe a mangueira e encaixe uma chave estrela (sextavada). Encaixe a mangueira novamente e solte o parafuso. Só use alicate no último dos últimos casos, para não arredondar a cabeça do parafuso. Se arredondar, troque-o quando puder. Tome cuidado para não quebrá-lo, pois é frágil.
Agora é hora de algum exercício. Com a mangueira encaixada e o parafuso afrouxado, bombeie o pedal do freio algumas vezes e segure até o fundo, aguardando alguns segundos. Se você bombear com a mão terá mais sensibilidade para perceber quando o óleo vai para o recipiente. Faça devagar. Assim que sentir alguma dificuldade para pressionar o pedal (não é muita, mas dá pra sentir) então, solte o pedal, vá para a roda e aperte o parafuso sangrador.
Faça um teste: aperte o pedal do freio. Deve ter subido um pouco e ficado mais firme. Se não ficou nada firme, repita o processo. Se conseguir, fique olhando o frasco sob o veículo enquanto bombeia (conforme o carro precisa ser contorcionista...). Enquanto estiverem saindo bolhas na mangueira, é sinal que ainda tem ar no circuito. Assim que as bolhas pararem de correr pela mangueira é sinal de que não há mais ar naquela parte do circuito. Feche o parafuso e teste o freio novamente. Caso tenha subido um pouco, não pare. Esse serviço precisa ser feito em todas as rodas, pois sempre fica alguma bolha de ar malandrinha no meio do caminho... >:|
A outra roda mais distante do sistema central é a roda traseira esquerda. Faça a mesma coisa nela até sentir que o pedal está mais difícil de ser pressionado.
Se a mangueira estiver bem vedada na tampa do frasco, ele estufa um pouco ao bombear o pedal. Se ameaçar estourar, alivie a tampa um pouco mas não deixe entrar ar na mangueira que vai para a roda, senão o serviço não funciona. Pode-se sofisticar um pouco esse 'aparelho' furando a tampa com uma agulha de injeção bem fina, e deixando a agulha presa à tampa. O ar sairá, mas com algum esforço e dará tempo para o óleo retornar à mangueira de freio sem ar junto. Não deixe o recipiente deitado de forma que entre ar na mangueira. A mangueira precisa estar com a ponta mergulhada no óleo, senão nada disso adiantará.

Algumas observações:
  1. Não derrame óleo de freio na pintura. Além de danificar a tinta pode corroer a lata. Se cair óleo na tinta, lave rapidamente com água e sabão comum. O óleo de freio se mistura bem com água e sai facilmente. Mas não demore.
  2. Toda vez que terminar uma roda, vá até o sistema central e verifique se há óleo de freio no reservatório. Enquanto as bolhas saem pelo parafuso, o óleo vai junto. Se ficar sem óleo no reservatório, todo o serviço estará perdido e você terá que refazer desde o começo. Por isso, use óleo novo num recipiente limpo, assim você poderá coletar o óleo que saiu do freio e devolvê-lo ao reservatório. 
  3. Se o óleo que sair do sistema estiver mais sujo que o óleo novo, jogue tudo fora e complete o reservatório com óleo novo. Só use óleo velho se não tiver outro jeito(1). Com freio não se brinca.
  4. Os carros que possuem sistema com hidrovácuo (como uma panela preta no compartimento do motor, na direção do pedal do freio - chama-se cuíca) só terão o freio mais amolecido depois que o motor estiver em funcionamento. Para sangrar o freio não é preciso acionar o motor.
  5. Use sempre o óleo recomendado pelo fabricante. Não use outro tipo de óleo no sistema que não seja para freio. Além de danificar os componentes de borracha você pode ficar sem freios caso precise usá-los com frequência. O óleo esquenta e forma bolhas de ar no circuito e seu freio perde eficiência e até deixa de atuar. Cuidado com isso! Em emergências, pode-se usar um pouco de óleo de freio (o que já está no sistema) com um pouco de óleo para direção hidráulica (óleo avermelhado). Este óleo não ataca os componentes de borracha do sistema. Mas, assim que chegar ao seu destino, troque o óleo todo, fazendo uma primeira carga apenas com óleo de freio mais barato para uma limpeza no sistema. Abra os parafusos das rodas e bombeie o pedal até eliminar o óleo velho. Depois, feche todos e coloque óleo novo no reservatório principal. Faça a sangria novamente desde a primeira etapa na roda mais distante. 
  6. Depois do serviço feito, se o freio ainda ficar borrachudo ou esponjoso, mesmo com o motor ligado, então ainda há ar no sistema. Refaça o serviço. Verifique também se não há vazamentos no circuito por onde o óleo passa. Olhe por trás das rodas e veja se não estão sujas de óleo. Se estiverem, deve ser do freio.
  7. Caso haja óleo nas rodas, verifique se é óleo grosso. Se for, não é do freio. Mas ATENÇÃO: Se houver óleo - qualquer que seja - por fora das rodas é bem provável que haja óleo dentro, e seu freio estará comprometido em eficiência. Vá devagar e não abuse até encontrar um mecânico de confiança.
  8. Se depois da sangria o pedal do freio ficar frouxo - você pisa no freio e ele vai descendo devagar - então o problema é no sistema central. As borrachas estão gastas, ou o metal gastou-se e não é possível haver pressão no sistema. Se forem as borrachas, peça na loja um Reparo do Sistema de Freio Central, da marca do seu carro. Se for desgaste do metal, então só trocando o conjunto inteiro por um novo. 
  9. No fusca, o sistema central de freios fica atrás da roda do lado do motorista, na direção do pedal do freio. É um tanto chato trocar essa peça, mas não deixe de verificar se ali também tem vazamentos. 
  10. O reservatório de óleo de freio do Fusca situa-se atrás do estepe, na frente do carro. Para os mais novos - Fusca tem motor na traseira.Veja abaixo:
Na seta: Furo por onde passa o eixo acionador do pedal de freio do Fusca.
Peça - Chapéu de Napoleão

 (1) Caso precise usar o óleo que saiu do sistema, e ele estiver sujo, pode-se filtrá-lo num pano limpo antes de colocá-lo no reservatório. Isso evita que alguma sujeira entre no sistema e estrague as peças. Além de poder deixar você sem freios justamente naquela hora mais importante... Não brinque com segurança: o preço pode ser sua vida!


    Dúvidas? Faltou alguma explicação? Mande seu recado!

    9 comentários:

    ORLEY disse...

    ESCLARECEDOR!!! MUITO BOM!!

    ORLEY disse...

    ESCLARECEDOR, OU SEJA MUITO BOM.

    miguel santana disse...

    Voce teria mais alguma dica recente q posso nos ajudar mais

    Urbano Rural disse...

    Olá Miguel Santana! Estou reunindo algumas coisas e pretendo publicar assim que tiver mais tempo. Infelizmente, o mar não está pra peixe. Obrigado por postar.

    Unknown disse...

    Olá o freio do meu fusca tá muito alto e muito duro,o que pode ser

    Bella Linda disse...

    Muito bom detalhado, so faltou falar que seria bom tirar a roda completa com tambor ,assim já ve se o burrinho esta vazando. E é mais fácil tirar a roda completa do que só o pneu.É só afrouxar o parafuso que fica no meio da roda , ela afrouxa rodando para tras. (Rosca inversa)

    XACAU 90 disse...

    Ola troquei o cilindro mestre do meu fusca porem nao consegui fazer freio devo sangrar as 4 rodas? So fiz.nas dianteiras pq troquei pincas e flexiveis.

    Unknown disse...

    Excelente.troquei os tambores da frente por discos. Tentei bombear usando o método de um colega do Youtube mas n sucesso. Não consegui restabelecer o freio.
    Amanhã cedo vou utilizar suas dicas pois preciso do carro 2a. Feira.
    Postarei o resultado.
    Grato por compartilhar conosco suas experiências.
    Ualdir - Osasco -SP

    Urbano Rural disse...

    Não consigo responder diretamente no comentário (problema do Blogger), então, responderei em comentário separado.

    JOSÉ MARIA BALBINO - Se estiver alto demais não é bom. Verifique atrás do pedal do freio (Fusca). Há uma peça com regulagem. Puxe o pedal e desencaixe a peça. Regule a porca de modo que o pedal fique na altura que mais lhe agrada. Olhando atrás do pedal você entenderá como fazer. Tome cuidado para não estragar a borracha de vedação do burrinho mestre, para não entrar terra no sistema depois. Quanto à dureza do pedal, pode ser porque está muito alto e o freio atua rápido demais, o que torna o pedal mais duro. Se após a regulagem o freio continuar duro, será preciso verificar o burrinho mestre. Se continuar difícil, então, o problema pode ser nos canos entupidos.

    BELLA LINDA - Sim, tirar a roda inteira, com panela e tudo, é mais simples do que tirar todas as porcas da roda, mas existem problemas extras:
    1) Sujeira no rolamento - imagine alguém que faz o serviço no barracão da chácara no final da semana. O sujeito tira a roda, que cai no chão e levanta poeira. Ou o cachorro chega mais perto para cheirar e traz terra no nariz, que cai no rolamento... (isso já aconteceu comigo). O trabalho é dobrado depois.
    2) Regulagem da folga na montagem - Nem todos têm a habilidade (e a paciência) para regular a folga do rolamento na remontagem.
    3) O grampo de trava da porca - Alguns modelos usam uma arruela com abas que precisam ser amassadas contra a porca. O grampo pode ser substituído até por um prego numa emergência, mas a arruela, não.
    4) Chave do tamanho da porca - nem todos têm essa chave.

    Se algum leitor tem habilidade (e paciência), graxa, chave adequada, arruela ou pino-trava extras, sem dúvida, é mais fácil tirar uma porca só do que 4 ou 5. Além disso, é possível fazer uma boa verificação dos rolamento no mesmo serviço. Pode valer a pena. Dica anotada, Bella!

    UALDIR Espero que tudo corra bem. Um problema que tive no uso desse sistema é que, às vezes, o frasco que usamos com fluído extra não deixa o ar sair e fica estufado demais, expulsando a mangueira de dentro. Se isso ocorrer, pegue uma agulha de injeção e coloque na tampa do frasco, de forma que a ponta da agulha fique dentro. O furo da agulha vai permitir uma pequena saída do ar e não deixa entrar sujeira no frasco. Se o frasco não estufa, não tem problema.